O violão é um bastante presente em nossa cultura. É comum conhecermos alguém que possua um violão em casa. E encontramos um violão à venda em qualquer loja de música!
Decerto que essa popularização tem seus benefícios. Contudo, a maior parte dos violões que encontramos para comprar é de qualidade insatisfatória. São inadequados para o desenvolvimento musical de alunos de qualquer idade. São instrumentos produzidos em grande quantidade e sem tempo hábil de refinar detalhes, como: afinação duvidosa, desconforto para mão esquerda e sonoridade fraca e sem beleza.
Para adquirir um bom instrumento musical há necessidade de um investimento inicial. A seguir, faremos uma comparação nada comum para demonstrar como inconscientemente investe-se pouco em instrumentos musicais. O gasto per capta de um instrumento musical VS gasto com automóveis ou eletrodomésticos.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2009), uma média de R$427,40 são gastos per capta em aquisição de automóveis. Segundo o Ibope (2013), R$290,66 são os gastos per capta com eletrodomésticos. Não existe estimativa em relação a instrumentos musicais. Contudo, uma família de quatro pessoas que têm um violão de R$500,00 não gastou nem R$125,00 per capta.
Apesar de ser um gasto pequeno por pessoa, se o instrumento é de qualidade ruim ele não será tocado pois não proporcionará o prazer em se praticar música. Não haverá benefício cultural/musical para aquele que nele pratica e nem para aquele que o aprecia. E o dinheiro investido será em vão, pois o aprendizado não é possível sem o instrumento adequado.
Sendo assim, quais são as características que podemos avaliar um bom instrumento? Como avaliar e fazer uma boa aquisição? Quais elementos devem passar por manutenção regularmente?
De fato, quanto pior a qualidade das madeiras e mais rápido o processo de fabricação, pior será o instrumento. Um bom violão necessita de boas madeiras (varemos logo mais) e um grande cuidado na espessura, encaixe e colagem de cada peça.
Dependendo da pessoa que o constrói (luthier) e das madeiras com que são feitas cada violão pode demorar meses para ficar pronto e atingir valores entre R$1.000,00 e mais de R$10.000,00. Violões feitos em fábricas dificilmente passam por um controle de qualidade mínimos, existem sim boas opções mas deve-se ter parcimônia e experimentar bastante.
Para quem puder, uma opção melhor do que os violões de fábrica é procurar um luthier. Nosso país possui muitos construtores e o preço mínimo de R$2.000,00. Claro que não isenta o comprador de uma atenção aos seguintes detalhes pertinentes a um violão com cordas de nylon:
1) Sonoridade:
a. O tampo é uma das peças mais importantes, deve ser de pinho ou de cedro. Quanto mais perfeita (disposição dos veios) e/ou envelhecida é a madeira mais caro é o instrumento;
b. O fundo e a lateral costumam ser de Jacarandá, sendo que o jacarandá baiano é o mais raro e caro. E o jacarandá da índia é a opção mais comum. Existem alternativas que utilizam madeira compensada mas em sacrifício da potencia sonora e timbre.
c. Quanto mais fina é a madeira, maior será a sonoridade do instrumento pois sofrerá mais influência da ação da corda. Contudo, o instrumento será mais frágil e existe um limite em que a própria força das cordas pode danificar um tampo que estiver fino demais;
d. A escala e os trastes devem ter um tamanho e distância perfeitos. Qualquer alteração o violão estará impossibilitado de ser afinado adequadamente;
2) Tocabilidade:
a. As cordas devem ser suficientemente próximas à escala para que a mão esquerda pressione cada nota com suavidade. Um instrumento cujas cordas são duras para apertar causará desconforto e sensação de inabilidade no executante. Contudo, se as cordas estiverem baixas demais a sonoridade será trastejada.
b. A equidistância entre as cordas deve ser perfeita, caso contrário a mão direita nunca encontrará as cordas com facilidade.
As cordas costumam ser vendidas em, ao menos, três tensões: alta (hard), média (normal) e leve (light). Instrumentistas profissionais em violões de alta performance costumam utilizar cordas de tensão alta para uma maior sonoridade. Contudo, é comum encontrarmos profissionais que usam cordas de tensão média sem perder brilho ou intensidade. Devemos estar atentos em não sobrecarregar a mão esquerda, que não pode passar por tensões desnecessárias. Cordas leves são adequadas para iniciantes, pois estão em um processo de desenvolvimento da musculatura.
A troca de cordas regular garante uma sonoridade brilhante e bem definida. Mesmo se não houver quebra de corda!
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